Carlos Mumič
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Carlos Mumič e Francisca Baide Mumic casaram-se no dia 28/10/1905, na Catedral de Nossa Senhora do Carmo, em Jabotical. A cerimônia religiosa foi celebrada pelo padre Nunzio Greir e testemunhada pelo Sr. Francisco Mikalaniz e Sra. Luiza Pinto.
Carlos e Francisca radicaram-se em Jaboticabal onde Carlos continuou com o seu trabalho na extensão do ramal da estrada de ferro Mogyana, um período difícil e penoso, pois, à medida que a linha férrea avançava, tinha que ficar muito tempo longe da família.
Em Jaboticabal nasceram os primeiros filhos do casal: Alípio (15/08/1906) e Benedito (10/07/1908).
Pouco antes do nascimento de Benedito, no dia 30/06/1908, a viúva Franceska Baide, mãe de Francisca, faleceu aos 63 anos de idade.
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Francisca Baide Mumic |
O ramal da linha férrea da Mogyana já havia chegado a Francisco Schmidt. Mas o trabalho de construção continuava e Carlos, Francisca e os filhos mudaram-se para Barretos. Moraram na fazenda dos Campos, onde mais três filhos vieram ao mundo: Carolina (21/04/1910), Alberto (15/01/1912) e Olga.
Por essa época, Carlos ficou conhecendo um italiano, Jorge Bottero, que lhe falou sobre outro patrício que tinha um curtume em Jaboticabal e que precisava de pessoas para o serviço de extração da casca de barbatimão nas matas. E novamente ele retornou com a família e o amigo, Jorge Bottero, para Jaboticabal. E foi lá, trabalhando no curtume Jacovič que adquiriu conhecimento sobre o processo de curtição de couros. Durante esse período, nasceu Agenor, o sexto-filho, no dia 18/03/1916, mas o bebezinho sobreviveu apenas 8 dias, falecendo no dia 14/03/1916. Posteriormente, a família, então com 5 filhos, mudou-se para São José do Rio Preto onde Carlos foi trabalhar para outro curtidor, cujo sobrenome era Falavini. Durante esse tempo nasceu Nair (26/04/1917).
O patrão, Falavini, estava interessado em encontrar novos locais para a compra de couro cru. Contou a Carlos que havia, numa cidade chamada São Sebastião do Paraíso, um entreposto de couro cru, que ficava numa rota de tropeiros e terminava na cidade de Cássia. Toda a região ao redor se constituía de grandes fazendas de criação de gado o que propiciava a facilidade para se encontrar couro cru. Sugeriu que ele fosse até lá para se certificar da situação.
Carlos decidiu enfrentar o novo desafio. Partiu, com o amigo George Bottero, numa tropa com destino a São Sebastião do Paraíso. Foi uma viagem que durou muitos longos e penosos dias. Mas a região era muito aprazível e realmente propícia à curtição de couro. Já sabia como curtir couro e vislumbrou a possibilidade de ter seu próprio negócio. E foi assim que ele e o amigo Bottero decidiram comprar um pequeno terreno do Sr. João Silva, no qual havia um casebre de taipa e um córrego de água e, da maneira mais tosca possível, começaram a curtir couro cru para vendê-lo aos seleiros locais, que necessitavam de sola e vaqueta para confeccionar arreios para cavalos, tão comuns e necessários naquela época.
O pequeno negócio prosperou. Por cartas, Carlos continuou se comunicando com a família e até mesmo chegou a voltar a Jaboticabal para falar sobre seus novos planos: mudar definitivamente para São Sebastião do Paraíso.
Meses depois, numa tropa, com Francisca novamente grávida e os 6 filhos, empreendeu a viagem que iria marcar o resto de suas vidas. Foi uma jornada de muitos dias, penosa e cansativa. Mas finalmente chegaram à nova terra!
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Olga, Carolina, Clotilde e Nair |
Os primeiros tempos de moradia em São Sebastião do Paraíso foram vividos com muito trabalho, muitas dificuldades e, também, muita privação. Mas, acostumados à dura vida de imigrantes, Carlos e Francisca conseguiram pouco a pouco – e com a ajuda do amigo Bottero - o que havia se tornado objetivo de suas vidas: viver bem no país que haviam adotado.
Carlos montou, então, uma selaria-sapataria. Em 1918, com outro austríaco, José Marinzeck, que também havia aportado em São Sebastião do Paraíso, e o amigo italiano, George Bottero, formou uma sociedade para tocar um pequeno curtume numa chácara que adquiriram e que se situava próxima ao Matadouro Municipal. O Cortume Paraisense foi o primeiro curtume da região e começou a funcionar no dia 4 de setembro de 1918.
Enquanto os negócios progrediam, os Mumic mudaram-se para uma casa próxima ao Jardim Novo. Carlos providenciou uma professora particular, dona Clotilde, para que os filhos mais velhos, Alípio, Benedito e Carolina - que ainda se comunicavam com os pais no dialeto austríaco – aprendessem bem a língua portuguesa preparando-os para freqüentar a escola pública. Os filhos completaram os estudos com a professora Isabela Nicácio, que se tornou grande amiga da família.
Os negócios progrediam e a família também: no dia 20/06/1921, nasceu mais uma filha, Clotilde, mas que não sobreviveu.
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Olga, Rodolpho, Benedito, Carolina, Clotilde, Alípio, Nair e Alberto |
Novamente Francisca engravidou-se e deu à luz a última filha do casal, também chamada Clotilde, em homenagem à professora dos filhos, por quem o casal tinha grande admiração. Clotilde nasceu no dia 02/08/1922.
Carlos e Francisca continuaram recebendo notícias dos parentes que residiam na Europa.
Posteriormente, em 1922, a sociedade com José Marinzeck foi desfeita. Mais tarde Jorge Bottero também se desligou e retornou a Europa.
Carlos comprou uma chácara pertencente a Constantino Soriano que se situava nas imediações da estação da Estrada de Ferro Mogyana e montou o Cortume Santa Cruz Ltda. Aproveitando a produção do próprio curtume, montou uma sapataria na Rua Dr. Placidino Brigagão. Durante esse período, mandou construir uma casa para a família, perto do curtume. E lá nasceu a última filha do casal, a qual deram o mesmo nome da que havia falecido, os outros dois filhos do casal, Olga e Clotilde.
Os efeitos da 2a. Guerra mundial novamente afetavam a Europa. A mãe Giovanna faleceu e então Carlos providenciou para que o pai, Thomaz, viesse para São Sebastião do Paraíso, para morar com ele e a família. E foi lá que viveu até o dia 23/08/1940, falecendo aos 89 anos de idade.
O curtume prosperou e além de dirigi-lo, Carlos trabalhava, também, como representante e vendedor de uma importante companhia de São Paulo, pertencente a Ângelo Casarini. Fez grande amizade com a família de dona Gema Bó, de grande projeção na capital paulista. Recebia constantemente visitas dos membros dessa família em sua casa. Tudo na vida dele parecia navegar em maré-alta: tinha prestígio social, amigos importantes na sociedade paraisense, entre os quais expoentes da literatura, como o professor Ary de Lima e Dr. Alaôr Ribeiro. A família Mumic tornou-se conhecida, respeitada e parte integrante da sociedade de São Sebastião do Paraíso.
Com as filhas, fazia constantes temporadas em Poços de Caldas e promovia grandes festas em sua casa – como as de São João, que realizava com grande pompa, comprando fogos na vizinha cidade de Franca para distribuir entre os convidados.
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Carmem, Nelico, Olga, Rodolpho, Alda, Alípio, Alice e Carolina |
Foram anos de prosperidade, alegria: os filhos se casaram e deram muitos netos ao casal. Mas também houve momentos de tristeza, com os falecimentos dos netos Wagner, no dia 11/02/1939, Edson, no dia 18/11/1942 e Suely, apenas dois dias após, em 21/11/1942.
Enfim, tudo parecia correr da melhor forma possível e o Cortume Santa Cruz havia se transformado numa das maiores indústrias de curtição de couros da região. Mas durante uma de suas viagens, o filho Benedito – que então geria os negócios do curtume – foi acometido de hepatite e faleceu no dia 20/04/1943. A morte do filho afetou completamente a vida de pai. Carlos ficou com a saúde abalada. Em princípio de agosto do mesmo ano, foi para Campinas e internou-se para fazer um tratamento de saúde. Mas não resistiu. Faleceu no dia 28/08/1943.
As mortes de Benedito e Carlos trouxeram muitas modificações para a família que passou por grandes mudanças.
CarlosMumic, o pai,Thomás Mumic (de longa barba branca) cercado dos filhos, parentes e amigos, no Cortume Santa Cruz. |
Francisca Baide Mumič, sempre meiga e carinhosa, continuou levando a vida junto dos filhos e faleceu 18 anos mais tarde, no dia 15/12/1961.
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