segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

Carlos Mumic e Francisca Baide Mumic



Carlos Mumič

Carlos Mumič e Francisca Baide Mumic casaram-se no dia 28/10/1905, na Catedral de Nossa Senhora do Carmo, em Jabotical. A cerimônia religiosa foi celebrada pelo padre Nunzio Greir e testemunhada pelo Sr. Francisco Mikalaniz e Sra. Luiza Pinto.

 Carlos e Francisca  radicaram-se em Jaboticabal onde Carlos continuou com o seu trabalho na extensão do ramal da estrada de ferro Mogyana, um período difícil e penoso, pois, à medida que a linha férrea avançava, tinha que ficar muito tempo longe da família.

 Em Jaboticabal nasceram os primeiros filhos do casal: Alípio (15/08/1906) e Benedito (10/07/1908).
Pouco antes do nascimento de Benedito, no dia 30/06/1908, a viúva Franceska Baide, mãe de Francisca, faleceu aos 63 anos de idade.
Francisca Baide Mumic



O ramal da linha   férrea da Mogyana já havia chegado a Francisco Schmidt. Mas o trabalho de construção continuava e Carlos, Francisca e os filhos mudaram-se para Barretos. Moraram na fazenda dos Campos, onde mais três filhos vieram ao mundo: Carolina (21/04/1910), Alberto (15/01/1912) e Olga.

Por essa época, Carlos ficou conhecendo um italiano, Jorge Bottero, que lhe falou sobre outro patrício que tinha um curtume em Jaboticabal e que precisava de pessoas para o serviço de extração da casca de barbatimão nas matas. E novamente ele retornou com a família e o amigo, Jorge Bottero, para Jaboticabal. E foi lá, trabalhando no curtume Jacovič que adquiriu conhecimento sobre o processo de curtição de couros. Durante esse período, nasceu Agenor, o sexto-filho, no dia 18/03/1916, mas o bebezinho sobreviveu apenas 8 dias, falecendo no dia 14/03/1916. Posteriormente, a família, então com 5 filhos,  mudou-se para São José do Rio Preto onde Carlos foi trabalhar para outro curtidor, cujo sobrenome era Falavini. Durante esse tempo nasceu Nair (26/04/1917).
O patrão, Falavini, estava interessado em encontrar novos locais para a compra de couro cru. Contou a Carlos que havia, numa cidade chamada São Sebastião do Paraíso, um entreposto de couro cru, que ficava numa rota de tropeiros e terminava na cidade de Cássia. Toda a região ao redor se constituía de grandes fazendas de criação de gado o que propiciava a facilidade para se encontrar couro cru. Sugeriu que ele fosse até lá para se certificar da situação.
Carlos decidiu enfrentar o novo desafio. Partiu, com o amigo George Bottero, numa tropa com destino a São Sebastião do Paraíso. Foi uma viagem que durou muitos longos e penosos dias. Mas a região era muito aprazível e realmente propícia à curtição de couro. Já sabia como curtir couro e vislumbrou a possibilidade de ter seu próprio negócio. E foi assim que ele e o amigo Bottero decidiram comprar um pequeno terreno do Sr. João Silva, no qual havia um casebre de taipa e um córrego de água e, da maneira mais tosca possível, começaram a curtir couro cru para vendê-lo aos seleiros locais, que necessitavam de sola e vaqueta para confeccionar arreios para cavalos, tão comuns e necessários naquela época.
O pequeno negócio prosperou. Por cartas, Carlos continuou se comunicando com a família e até mesmo chegou a voltar a Jaboticabal para falar sobre seus novos planos: mudar definitivamente para São Sebastião do Paraíso.
Meses depois, numa tropa, com Francisca novamente grávida e os 6 filhos, empreendeu a viagem que iria marcar o resto de suas vidas. Foi uma jornada de muitos dias, penosa e cansativa. Mas finalmente chegaram à nova terra!
Olga, Carolina, Clotilde e Nair
Instalaram, primeiro, na pequena casa de taipa que Carlos havia comprado, muito pobre, destituída de qualquer conforto,  perto da chácara do Sr. Aníbal Muschioni. Mas pela primeira vez tinham uma casa própria! Passaram-se uns poucos meses de muito trabalho e adaptação e a gravidez de Francisca chegou ao final. Dona Beatriz Cúrcio Muschioni, esposa do vizinho Aníbal Muschioni, a ajudou a trazer o sétimo filho do casal, Rodolpho Mumič, ao mundo, no dia 20/09/1918.
Os primeiros tempos de moradia em São Sebastião do Paraíso foram vividos com muito trabalho, muitas dificuldades e, também, muita privação. Mas, acostumados à dura vida de imigrantes, Carlos e Francisca  conseguiram pouco a pouco – e com a ajuda do amigo Bottero - o que havia se tornado objetivo de suas vidas: viver bem no país que haviam adotado.
Carlos montou, então, uma selaria-sapataria. Em 1918, com outro austríaco, José Marinzeck, que também havia aportado em São Sebastião do Paraíso, e o amigo  italiano, George Bottero,  formou uma sociedade para tocar um pequeno curtume numa chácara que adquiriram  e que se situava próxima ao Matadouro Municipal. O Cortume Paraisense foi o primeiro curtume da região e começou a funcionar no dia 4 de setembro de 1918.
Enquanto os negócios progrediam, os Mumic mudaram-se  para uma casa próxima ao Jardim Novo.  Carlos providenciou uma professora particular, dona Clotilde, para que os filhos mais velhos, Alípio, Benedito e Carolina - que ainda se comunicavam com os pais no dialeto austríaco – aprendessem bem a língua portuguesa preparando-os para freqüentar a escola pública. Os filhos completaram os estudos com a professora Isabela Nicácio, que se tornou grande amiga da família.
Os negócios progrediam e a família também: no dia 20/06/1921, nasceu mais uma filha, Clotilde, mas que não sobreviveu.

Olga, Rodolpho, Benedito, Carolina, Clotilde, Alípio, Nair e Alberto

Novamente Francisca engravidou-se e deu à luz a última filha do casal, também chamada Clotilde, em homenagem à professora dos filhos, por quem o casal tinha grande admiração. Clotilde nasceu no dia 02/08/1922.
Carlos e Francisca continuaram recebendo notícias dos parentes que residiam na Europa.
Posteriormente, em 1922,  a sociedade com  José Marinzeck foi desfeita. Mais tarde Jorge Bottero também se desligou e retornou a Europa. 
Carlos comprou uma chácara pertencente a Constantino Soriano que se situava nas imediações da estação da Estrada de Ferro Mogyana e montou o Cortume Santa Cruz Ltda. Aproveitando a produção do próprio curtume, montou uma sapataria na Rua Dr. Placidino Brigagão. Durante esse período,  mandou construir uma casa para a família, perto do curtume. E lá nasceu a última filha do casal, a qual deram o mesmo nome da que havia falecido, os outros dois  filhos do casal, Olga e Clotilde.
Os efeitos da 2a. Guerra mundial novamente afetavam a Europa. A mãe Giovanna faleceu e então Carlos providenciou para que o pai, Thomaz, viesse para São Sebastião do Paraíso, para morar com ele e a família. E foi lá que viveu até o dia 23/08/1940, falecendo aos 89 anos de idade.
            O curtume prosperou e além de dirigi-lo, Carlos trabalhava, também, como representante e vendedor de uma importante companhia de São Paulo, pertencente a Ângelo Casarini. Fez grande amizade com a família de dona Gema Bó, de grande projeção na capital paulista. Recebia constantemente visitas dos membros dessa família em sua casa. Tudo na vida dele parecia navegar em maré-alta: tinha prestígio social, amigos importantes na sociedade paraisense,  entre os quais expoentes da literatura, como o professor Ary de Lima e Dr. Alaôr Ribeiro. A família Mumic tornou-se conhecida, respeitada  e parte integrante da sociedade de São Sebastião do Paraíso.
Com as filhas, fazia constantes temporadas em Poços de Caldas e promovia grandes festas em sua casa – como as  de São João, que realizava com grande pompa, comprando fogos na vizinha cidade de Franca para distribuir entre os convidados.


Carmem, Nelico, Olga, Rodolpho, Alda, Alípio, Alice e Carolina

Foram anos de prosperidade, alegria: os filhos se casaram e deram muitos netos ao casal. Mas também houve momentos de tristeza, com os falecimentos dos netos Wagner, no dia 11/02/1939, Edson, no dia 18/11/1942 e Suely, apenas dois dias após, em 21/11/1942.

Enfim, tudo parecia correr da melhor forma possível e o Cortume Santa Cruz havia se transformado numa das maiores indústrias de curtição de couros da região. Mas durante uma de suas viagens, o filho Benedito – que então geria os negócios do curtume – foi acometido de hepatite e faleceu no dia 20/04/1943. A morte do filho afetou completamente a vida de pai. Carlos ficou com a saúde abalada. Em princípio de agosto do mesmo ano, foi para Campinas e internou-se para fazer um tratamento de saúde. Mas não resistiu. Faleceu no dia 28/08/1943.
As mortes de Benedito e Carlos trouxeram muitas modificações para a família que passou por grandes mudanças.

CarlosMumic, o pai,Thomás Mumic (de longa barba branca) cercado dos filhos, parentes e amigos, no Cortume Santa Cruz.

Francisca Baide Mumič, sempre meiga e carinhosa, continuou levando a vida junto dos filhos e faleceu 18 anos mais tarde, no dia 15/12/1961.